Terceiro Milênio: Revista Crítica de Sociologia e Política, periódico editado pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), dedicou, recentemente, o volume 25, n.3, set-dez, a Berta Gleizer Ribeiro (etnóloga, antropóloga e museóloga), homenageada por ocasião de seu centenário, em 2024. A revista se insere no contexto dessas comemorações e teve como foco central: “Mulheres e produção das ciências no Brasil: a contribuição da antropóloga Berta Gleizer Ribeiro”, conforme se lê no título da “Apresentação”. Foi organizada pelas professoras Yolanda Lima Lôbo, do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da (Universidade Estadual do Norte Fluminense) e por Haydée Ribeiro Coelho, do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da Faculdade de Letras (Universidade Federal de Minas Gerais). Depois do texto de abertura do volume, é divulgada a entrevista de Renato Amram Athias (antropólogo e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), concedida a Yolanda Lima Lôbo.

Durante o diálogo entre os dois pesquisadores, Renato Athias tratou do seu encontro com Berta, em Iauaretê, na região do Alto Rio Negro e mencionou a intenção da antropóloga de trabalhar com o grupo indígena Desana, o que resultou na indagação sobre Antes o mundo não existia (1980)e na pergunta relacionada à importância das pesquisas realizadas, na Amazônia, para a trajetória da antropóloga. Nesse diapasão, foram mencionadas a tese de Doutorado de Berta cujo título é A civilização da palha: a arte do trançado dos índios do Brasil (1980) e a obra Dicionário de artesanato indígena (1988). Entre outros aspectos, a entrevista versou sobre o campo da Antropologia no Brasil e o legado precursor de Berta.

Na seção “Documento”, foi publicado o texto “Da Bessarábia às margens do rio Tiquiê: a busca por uma família”, de Ana Arruda Callado. A biografia de Berta não se dissocia de seu percurso intelectual como se acentua, sob múltiplas perspectivas, nos artigos. Nessa direção, mencionem-se os títulos e respectivos autores, vinculados a universidades, museus, fundações e arquivos no Brasil: “Situando Berta Gleizer Ribeiro (1924-1997): a construção de um perfil intelectual — Rachel de Almeida Viana”; “Diálogo de Berta Ribeiro com a arqueologia e as tecnologias perecíveis” — Igor Morais Mariano Rodrigues e Fabíola Andréa Silva; “Berta Gleizer Ribeiro: conciliando o saber e o fazer” — Maria Elizabeth Brêa Monteiro; “A contribuição de Berta Gleizer Ribeiro para a antropologia brasileira no século XX” — Bianca Luiza Freire de Castro França e “A edição de Antes o mundo não existia na correspondência de Berta Gleizer Ribeiro” — Ananda Nehmy de Almeida. No espaço indicado para resenhas, no âmbito dos estudos sobre Berta, assinale-se, ainda, o texto de Haydée Ribeiro Coelho sobre Diário do Xingu

A obra de Berta dialoga com diferentes áreas de conhecimento o que a torna interdisciplinar, multidisciplinar e transdisciplinar. A partir da experiência, do saber bibliográfico e perspectiva política (conforme evidenciado em textos da revista), a autora de Diário do Xingu assumiu destacado papel histórico em relação à vida e à cultura dos povos indígenas. Seus estudos foram precursores nas áreas de Etnologia, Antropologia e suas interfaces, tornando-se uma referência nacional e internacional.