Quando Darcy Ribeiro pensou no endereço definitivo para Fundação que havia criado, pensou na UnB – Universidade de Brasília, da qual foi fundador e primeiro reitor, um dos muitos projetos pioneiros em que ele imprimiu sua marca ousada e visionária. Com base no convênio firmado em 1996 entre essas duas instituições, a reitoria concedeu o espaço onde o Memorial começou a ser projetado. Atento ao carinho que nosso instituidor emprestava ao projeto, verdadeira declaração de amor à universidade, o arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé -“o segundo melhor do mundo, depois de Oscar Niemeyer”, segundo o próprio Darcy- projetou cuidadosamente essa morada que deveria abrigar a FUNDAR e onde ideias e ideais haveriam de frutificar.
Versátil, inovador, o novo edifício teria espaço para tudo o que Darcy e Berta mais prezavam: seus livros, vídeos, documentos, coleções – mas também para apresentações artísticas e culturais, lançamentos literários, além de manter a porta sempre aberta às atividades docentes e comunitárias.
Em 2008, o Conselho Executivo da FUNDAR elegeu esta realização como sua absoluta prioridade e retomou as negociações, reavaliando a proposta e a readequando-a. O convênio com o Ministério da Cultura e a Universidade de Brasília foi assinado em maio de 2010, prevendo a liberação dos recursos necessários para a construção do Memorial por meio do Fundo Nacional de Cultura.
Foram necessários apenas cinco meses para que a “mistura de oca e disco voador” sonhada por Darcy pousasse na Praça Maior da UnB. O edifício único, circular, em dois pavimentos de 31,60m de diâmetro e 37m de cobertura, possui na parte central um espaço circular ajardinado com 13m de diâmetro e pé direito duplo. Assentado sobre um espelho d´água, o prédio está equipado com salas de aula, galeria para exposição, cineclube, gabinetes de pesquisa, centro de documentação, café e livraria. Lâminas de aço pré-pintado funcionam como brises na área coberta com policarbonato e garantem plena iluminação natural. Na parte posterior, foi criada uma elevação com taludes de cerca de 2m de altura, executado com a própria terra resultante da escavação do lago.
Voltado para o prédio e parcialmente revestido com placas de concreto, o talude forma o teatro. O palco ocupa a parte externa do lago e comunica-se com o prédio através de uma ponte. O conforto ambiental, nos dois níveis, é proporcionado por um sistema de vaporização resultante da passagem do ar que é introduzido no prédio por meio de nebulização mecânica da água do lago.
Inaugurado em 06 de dezembro de 2010, o Memorial Darcy Ribeiro abriga o acervo Darcy e Berta Ribeiro e o escritório de representação da FUNDAR em Brasília.
O Beijódromo
O auditório, tem capacidade para receber até 250 pessoas, e está equipado com equipamentos audiovisuais. Mobiliado com bancos acolchoados fixados em forma de arena, o dispõe de palco que abriga 10 participantes simultaneamente, mesas para conferencistas e cadeiras removíveis. O Beijódromo pode abrigar apresentações artísticas, acadêmicas e corporativas.
Biblioteca e Salas de Aula
A Biblioteca de Darcy e Berta Ribeiro é constituída de 22 mil livros e 8 mil periódicos. O Memorial tem três salas de aula, que receberam os nomes de Marechal Rondon, Anísio Teixeira e Glauber Rocha. As salas têm capacidade para 40 pessoas, sendo duas delas reversíveis (Anísio Teixeira e Glauber Rocha), comportando, portanto, 80 pessoas, quando integradas. São dotadas de equipamentos para a transmissão simultânea, com projetores.
Exposição Permanente “As Utopias de Darcy”
A exposição permanente As Utopias de Darcy Ribeiro foi montada na nova sede da Fundação Darcy Ribeiro, em Brasília. Em um espaço de aproximadamente 213 m², ela trata da multiplicidade de aspectos presentes na vida e na obra de Darcy Ribeiro – vida e obra que se confundem, destacando o seu importante papel como pensador do Brasil no século XX.
A exposição aborda cinco temas principais:
- Vontade de beleza (Rondon; os índios; a antropologia da civilização)
- Revoluções na educação (Anísio; a luta por uma escola pública, laica e gratuita de período integral; UNB: invenção e descaminho; universidades pelo mundo; CIEPs e Beijódromo; LDB)
- Outro presente, outro futuro (política, governo e reformas, exílio, um sonho latino-americano, socialismo moreno, Senado)
- Um homem de letras (ensaios, romances, a Academia Brasileira de Letras)
- Um sonho de Brasil (uma civilização tropical mestiça e a mensagem brasileira para o mundo)
Com fotos e objetos da coleção particular de Darcy e Berta Ribeiro, documentos originais, artigos de jornal, livros e vídeos, a exposição é uma espécie de autobiografia ilustrada desse grande antropólogo, educador, político, escritor e pensador do Brasil.
Equipe
Curadoria e direção de criação: Isa Grinspum Ferraz
Expografia: Marcelo Carvalho Ferraz
Direção de arte: Prata Design
Pesquisa: Camila Djurovic
Produção: Prata Produções
Fundação Darcy Ribeiro
Ministério da Cultura