Político

Darcy Ribeiro é conhecido por seu engajamento a causas que defendeu ao longo de toda sua vida. Os indígenas, a educação, o meio ambiente foram algumas dessas causas “Sempre fui em toda a minha vida adulta um cidadão ciente de mim mesmo como um ser dotado de direitos e investido sobretudo de deveres para intervir nesse mundo e melhorá-lo. O Brasil ainda não deu certo. Nossos intelectuais, por isso mesmo, são urgidos a tomar posição política”.

Filiado ainda jovem ao Partido Comunista Brasileiro, Darcy participou do movimento estudantil no Diretório Central de Minas e na criação da UNE no Rio de Janeiro. Para a Assembleia Constituinte, instalada após o fim do Estado Novo, Darcy atuou com empenho para a eleição de Caio Prado Júnior pelo PCB.

“Com a pele de político militante, fui duas vezes Ministro de Estado, mas me ocupei fundamentalmente foi na luta por reformas sociais, a fim de criar uma prosperidade generalizável a toda população”. Assim aceitou o convite de João Goulart para o cargo de ministro da Educação, em 1962. Ali Darcy criou o Fundo Nacional de Ensino e determinou a aplicação de 12% da receita da União na educação. A vitória pelo presidencialismo no plebiscito de 1963 leva João Goulart à presidência da República e Darcy assume a Casa Civil para implantar as reformas de base, luta que travou até o golpe militar em março de 1964. 

Nos mais de dez anos de exílio pela América Latina, juntamente com Berta Ribeiro, ajudou Salvador Allende a formular seu projeto de socialismo em liberdade no Chile e Velasco Alvarado, no Peru, a transformar seu projeto de revolução num plano de socialismo. Além de reformar universidades, como Darcy dizia, no Uruguai, na Venezuela, em Argel, na Costa Rica e no México.

Darcy retorna definitivamente ao Brasil em 1979: “De volta do exílio, retomei minhas peles todas: a salvação dos índios, a educação popular, a universidade necessária, o desenvolvimento nacional, a democracia, a liberdade.” Em 1983 se elege vice-governador da gestão de Leonel Brizola no Rio de Janeiro. Acumulou o cargo de secretário estadual de Ciência e Cultura, além de coordenar o Programa Especial de Educação, cuja principal meta era a implantação dos centros integrados de Educação Pública (CIEPs).

Sua ação na política continuou com a candidatura pelo Partido Democrático Trabalhista ao governo do estado do Rio de Janeiro, em 1986, e sua participação ativa na campanha de Leonel Brizola à presidência do Brasil em 1988, ambas sem sucesso.

As eleições de 1990 levaram Darcy Ribeiro ao Senado Federal, onde privilegiou temas relacionados à educação e à infância. A par de sua atividade como senador, Darcy colaborou com 2º governo de Leonel Brizola no estado do Rio de Janeiro, assumindo em 1991 a Secretaria de Estado Extraordinária de Projetos Especiais com o principal objetivo de concluir a implantação do projeto dos CIEPs a nível estadual.

Sua última incursão em campanhas políticas foi sua participação na chapa Leonel Brizola-Darcy Ribeiro à presidência da República, em 1994.

“Faço política, movido por uma motivação essencialmente ética. Nunca fui um indiferente, ao contrário, meu pendor é para a indignação ante toda injustiça”.